Paracatu Rural - Jornal do agronegócio

Após um mês de agosto tímido, os preços do algodão passam por um setembro de reação. Durante a terceira semana, foram registrados os maiores patamares em três meses. O diretor-executivo da Associação Mineira dos Produtores de Algodão (AMIPA), Lício Pena, comenta que as tempestades registradas e a queda da taxa de juros nos Estados Unidos contribuíram para esse cenário.

O final da terceira semana de setembro registrou chuvas esparsas em território brasileiro, suavizando a seca extrema vivida pelo país. As precipitações refletiram nas cotações do café em Nova York, trazendo queda de 1000 pontos no contrato dezembro/2024. Por lá, a ideia que se tem é de garantia do bom desenvolvimento da safra brasileira a partir do registro das recentes chuvas. O economista Haroldo Bonfá, da Pharos Consultoria, explica que não é bem assim. O volume de chuva ainda é baixo e isolado, o que não garante o abastecimento com o café do Brasil.

Ainda que as exportações sigam como principal foco no mercado de carnes no Brasil, é importante destacar a arroba do boi. Os preços em São Paulo já se aproximam dos 260 reais. Vlamir Brandalizze faz um balanço dos embarques das carnes bovina, suína e de frango, e projeta que, em dois anos, o país também vai liderar as exportações de suínos.

Os preços do feijão seguem em reação no Brasil. O feijão preto, escasso em todo o país, já atinge os 400 reais, enquanto o carioca nobre já se aproxima dos 300 reais, segundo o consultor Vlamir Brandalizze, que fala sobre esses preços praticados, e chama a atenção para uma frente fria que pode atingir regiões produtoras.

O momento atual para o mercado do arroz evidencia um impasse entre indústria e varejo. Vlamir Brandalizze fala que enquanto os varejistas resistem em comprar mercadoria com preços reajustados, os representantes do setor industrial buscam repor os estoques até o fim do ano. Essa reposição já é feita com valorização junto ao produtor.

No mercado internacional do trigo, as brechas para valorização seguem expressivas. A França, importante país produtor, deve registrar a pior safra desde 1986. Vlamir Brandalizze também destaca a situação das lavouras no Brasil. No sul do país, a qualidade do cereal que está nos campos é boa e a tendência é de melhores resultados na colheita neste ano em relação ao ano passado.

As projeções de uma área menor de milho para a próxima safra trazem um cenário de incertezas quanto à disponibilidade de mercadoria para o ano de 2025. Diante disso, Vlamir Brandalizze destaca as boas possibilidades que há ao produtor em relação às vendas do cereal no mercado futuro. Os contratos de janeiro em diante pagam, em média, 10% a 15% a mais que os preços praticados na atualidade.

Os preços internacionais da soja sofreram pouca variação e estão em viés de baixa em Chicago. O avanço da colheita nos Estados Unidos contribui para a limitação de novas altas. Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, comenta sobre a situação da soja brasileira. O momento é de início dos trabalhos de plantio. No entanto, o clima seco e quente atrasa o desenvolvimento da nova safra.

As instabilidades climáticas registradas em todo o mundo têm refletido também nos preços do café. Durante a terceira semana de setembro, as cotações em Nova York atingiram o maior nível em treze anos em dias que foram marcados por volatilidade.

O Projeto de Lei 1852/24 zera as alíquotas das contribuições federais (PIS/Cofins) incidentes sobre operações no mercado interno envolvendo o álcool combustível. O texto está em análise na Câmara dos Deputados. Pela proposta, essas alíquotas permanecerão zeradas até o surgimento de outro combustível renovável que venha a substituir o álcool.

O Diário do Executivo do Governo de Minas da última quarta-feira (18/9/24) trouxe a sanção de algumas novas normas, entre elas a Lei 24.970, de 2024. O objetivo é estabelecer diretrizes para as ações do Estado voltadas à promoção da saúde dos agricultores familiares.

O mercado do boi, apesar da oferta limitada de animais, tem registrado muitas vendas no decorrer do mês de setembro. Quem observa essa movimentação é o leiloeiro Moacir Naves. Ele destaca que a valorização das cotações também é expressiva, com o bezerro nelore já ultrapassando os 300 reais a arroba. Um ponto para o qual Moacir chama a atenção é o investimento em touros de qualidade pensando no mercado futuro. O ano de 2025 será de alta nos preços do boi em todo o Brasil.

É inegável que o clima exerce influência sobre os sistemas de produção de leite, moldando manejos e estratégias que variam conforme as condições ambientais. O calor, a chuva, o frio e a seca não afetam apenas o bem-estar animal e a qualidade do leite; dependendo do manejo e do sistema de produção, podem deixar o rebanho mais propenso a doenças, reduzir a produtividade e até mesmo restringir a disponibilidade de alimentos. Mas, com conhecimento e planejamento, os desafios podem ser superados, ou ao menos, minimizados. Vamos destacar primeiro como contornar o clima quente.

Um fenômeno observado recentemente por muitos pecuaristas pelo Brasil é a “Síndrome do Bezerro Fraco”. Como o próprio nome sugere, os animais recém-nascidos não apresentam o desenvolvimento esperado e muito tem a ver com os cuidados citados.

No próximo ciclo da safra de grãos, espera-se que o volume de arroz e feijão colhido em 2024/2025 aumente. Esse crescimento é resultado de uma leve recuperação na área plantada desses dois principais alimentos consumidos pelos brasileiros, conforme indicado na 12ª edição das Perspectivas para a Agropecuária. O relatório, publicado em 17 de setembro pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em parceria com o Banco do Brasil, também ressalta que a produção total de grãos para a temporada 2024/2025 pode alcançar 326,9 milhões de toneladas, estabelecendo um novo recorde para a série histórica.

Em reunião com os chefes dos três poderes em Brasília, para discutir ações de combate aos incêndios que atingem boa parte do país, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, alertou que é preciso evitar medidas legislativas que aumentem desproporcionalmente as penas de crimes ambientais. Mesmo assim, ele considera importante aperfeiçoar a legislação vigente, para torná-la adequada para enfrentar ações orquestradas de grupos que ateiam fogo deliberadamente em amplas áreas.

Uma pesquisa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revela que a média de dias consecutivos sem chuva no Brasil aumentou, nas últimas seis décadas, de 80 para 100 dias. Esse dado está no 1º Relatório Bienal de Transparência do Brasil à Convenção do Clima da ONU. Entre os impactos da estiagem prolongada, está o risco de incêndios florestais. LAIS NOGUEIRA tem as informações direto da Rádio Senado.

O setor agropecuário é um dos mais atingidos com o aumento das queimadas em Minas Gerais. Em agosto, o número de focos dobrou em relação ao mesmo período do ano passado. Os impactos e medidas para ajudar os agricultores foram discutidos em audiência da Comissão de Agropecuária da Assembleia Legislativa de Minas. Confira na reportagem de Priscilla Freitas. Ela ouviu Mário Campos, Presidente das Indústrias Sucroenergéticas do Brasil, Mariana Ramos, gerente de sustentabilidade da Faemg, João Ricardo Albanez, Secretário Adjunto de Agricultura de Minas Gerais e o Deputado Estadual Raul Belém.

Os produtores de leite estão enfrentando dificuldades na hora de gerenciar suas pastagens e o cultivo de milho no Sul do Brasil. Devido ao atraso na formação dos pastos de inverno causado pelas chuvas, muitas delas estão sendo secas em setembro para preparar o terreno para o milho. Contudo, a previsão de uma seca intensa nos próximos meses está gerando dúvidas e fazendo com que alguns produtores recuem na hora de remover as pastagens para maximizar o cultivo de milho.

O desempenho exportador da carne brasileira segue com resultados expressivos. No mercado interno, no entanto, ainda se vê um movimento discreto no consumo de carne bovina. Vlamir Brandalizze explica que a proteína é considerada nobre. Ainda que o Brasil tenha um dos preços mais baixos para a carne de boi no mundo, o valor ainda é inacessível para boa parte da população.