Biosfera Podcast

O fundo do mar tem vários metais utilizados nas baterias e nos aparelhos elétricos e eletrónicos. A indústria mineira quer extraí-los, mas por falta de regulamentação, a nível mundial, nenhum projeto avançou. Ao largo do mar dos Açores há zonas com interesse. Estes locais, para além da riqueza mineral, são habitat para uma grande biodiversidade que, em alguns casos, é ainda desconhecida para a ciência. Telmo Morato, Investigador do Instituto Okeanos da Universidade dos Açores, lidera uma equipa que está a fazer o mapeamento das montanhas submarinas do arquipélago. Para saber se se pode avançar com a extração mineria é necessário conhecer o funcionamento dos ecossistemas de profundidade e a respetiva reação aos possíveis impactos da atividade.

A época de gripe aviária 2021/2022 foi a maior já observada na Europa. Foram identificados mais de 6 mil focos, 31 deles em Portugal. Atualmente o país encontra-se livre da doença, mas produtores e autoridades competentes continuam a aplicar várias medidas de biosegurança e proteção. No podcast Biosfera desta semana, Cláudia Moedas, da Direção Geral da Alimentação e Veterinária (DGAV) faz um retato da situação. 

Podemos regressar a um mundo sem antibióticos? As resistências bacterianas têm levado à ineficácia destes fármacos e alguns autores acreditam que no futuro voltamos à estaca zero: todas as infeções bacterianas serão "imunes" a antibióticos.Estes micropoluentes estão presentes nas águas que afluem às ETAR em concentrações muito baixas e não são alvo de tratamento. Seguem para as massas de água, pressionando a resistência a antibióticos no meio ambiente. O alerta é de Paulo Martins da Costa, investigador e docente no ICBAS, que ressalva que há medidas para fortalecer a saúde pública.

Na ilha de São Miguel, capital da Região Autónoma dos Açores, está a ser construída uma incineradora com financiamento europeu. Com avanços e recuos há mais de uma década, o projeto tem capacidade para queimar 90 mil toneladas de lixo por ano. Um obstáculo para o cumprimento das metas de reciclagem estabelecidas pela União Europeia e pelo próprio governo regional. Rui Berkemeier, da Associação Zero, considera que o princípio da hierarquia da gestão de resíduos não foi respeitado e defende que o dinheiro devia ser investido em medidas de prevenção de produção de lixo doméstico. 

O regresso às aulas está associado ao aumento do consumo. São precisos livros, cadernos, canetas, mochilas e lanches. Há alternativas sustentáveis, como a reutilização do material escolar, a compra a vulso e a confeção de snacks para a escola. Ângela Plácido, da conta de Instagram Atreve-te a ser feliz, partilha dicas de como poupar nesta altura do ano e que combatem o desperdício alimentar. 

Em Morgavel, Sines, o governo autorizou o abate de mais de 1800 sobreiros, para se construir um novo parque eólico. A sociedade civil organizou-se e opôs-se ao decreto. O movimento "Vamos Salvar os Sobreiros" defende que a EDP Renováveis deve encontrar outro local para colocar as turbinas eólicas. Avani Ancok, porta-voz do movimento, considera esta ação um crime ambiental que não valoriza as funções vitais que este bosque de sobreiros desempenha no ecossistema. O grupo vai colocar uma providência cautelar, de modo a impedi o abate das árvores e quer levar o assunto à Assembleia da República. 

A gestão dos resíduos urbanos nos Açores enfrenta desafios relacionados com o contexto insular. A ilha de São Miguel, capital da região autónoma, é a que tem mais população e consequentemente maior produção de resíduos. Face a isto, está a ser construída uma incineradora que pode queimar até 90 mil toneladas de resíduos. Vários vozes têm-se feito ouvir em protesto deste projeto. Uma delas é de José Azevedo que exige alternativas. No quintal de casa, José faz compostagem permitindo que a produção de resíduos domésticos seja insignificativa. 

O Festança tem a permacultura como headliner. Juntando músicas do mundo e conversas sobre viagens, o festival reuniu cerca de mil participantes no início de agosto, em Baião. Conversamos com Helder Valente, elemento da organização, sobre a ideia de fazer um festival em torno da sustentabilidade.

A transição agroalimentar é o caminho para a sustentabilidade na produção e para a adaptação ao clima do futuro. Neste episódio, conversamos com Helena Freitas, docente na Universidade de Coimbra. A ecóloga coordenou o Cultivar, um projeto cuja meta é a valorização dos recursos do centro do país.

A indústria mineira está interessada nos recursos do fundo do mar que tem metais como ferro, cobre e cobalto. No entanto, os impactos da extração são desconhecidos e o risco elevado. Em Portugal, as áreas com potencial mineiro são no mar dos Açores. Ana Matias, da ONG Sciaena, partilha os mais recentes estudos científicos sobre o impacto da extração mineira nos ecossistemas do mar profundo e alerta para a necessidade de haver tempo e informação rigorosa antes de se tomar uma decisão política a favor da extração.

O novo Livro Vermelho dos Peixes Dulciaquícolas e Diádromos de Portugal Continental vem substituir a edição de 2005. O livro faz um retrato atual das espécies de água doce ou que migram de água doce para salgada e vice-versa. Dos táxons analisados, seis foram considerados "criticamente em perigo", entre os quais o Ruivaco-do-oeste, a Lampreia-do-nabão e a Lampreia-do-sado. Neste episódio conversamos com a coordenadora geral do projeto, Filomena Magalhães, que nos desvenda as principais descobertas.

A acácia-de-espigas é uma das espécies invasoras presentes em Portugal. Controlar a expansão desta planta é uma prioridade. Em 2015, foi libertado o primeiro agente de controlo biológico em Portugal, o terceiro na Europa. Elizabete Marchante, do Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra, explica que o inseto Trichilogaster acaciaelongifoliae é específico para a acácia-de-espigas e através de umas galhas impede o florescimento da acácia e consequentemente a produção de sementes. Assim, a planta não consegue crescer, nem expandir-se no território. 

Vários são os fatores que influenciam o clima, mas o ser humano tem tido um papel preponderante na sua evolução. Ao aquecimento global aliam-se fenómenos naturais cada vez mais extremos. Ricardo Trigo, climatologista e investigador no Instituto Dom Luiz, da Universidade de Lisboa, desenha-nos o perfil climático da Terra, que não voltará a ser a mesma.

Promover a bicicleta, a trotinete e outros modos ativos como meio de deslocação diário é uma das estratégias para as cidades alcançarem a neutralidade carbónica. Filipe Moura, coordenador da U-shift do Instituto Superior Técnico de Lisboa, expõe o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido na Capital e as medidas que ainda são necessárias para fomentar o uso de modos ativos um pouco por todo o país. 

O clima está a mudar de forma permanente e o aquecimento global não fica por aqui. Conversamos com Filipe Duarte Santos, docente na Universidade de Lisboa e especialista em alterações climáticas, sobre o que o passado tem a dizer sobre o futuro e como podemos evitar os piores cenários.

Os modos ativos de deslocação promovem cidades mais saudáveis e menos horas no trânsito. No entanto, há ainda muitos obstáculos que dificultam a segurança da mobilidade ciclável, nomeadamente nos centros urbanos. Vera Diogo da MUBi, Associação pela Mobilidade Urbana de Bicicleta, explica a evolução do uso de bicicleta no Porto e em Lisboa e a aposta destes municípios na mobilidade ativa.

O filósofo e ambientalista Viriato Soromenho-Marques tem dedicado a sua vida a acompanhar os fenómenos de distopia humana, entre os quais o das alterações climáticas e o da grande aceleração do progresso. Nesse podcast Biosfera analisa o impacto da obra de Stephen J. Pyne, autor de “Piroceno. De Como a Humanidade criou uma Idade do Fogo e o que virá a Seguir”, lançado em Portugal pela editora Zigurate. Viriato deixa-nos ainda um vislumbre sobre as consequências da incapacidade humana em alterar o rumo dos acontecimentos. E a seguir ouvimos o próprio autor, Stephen J.Pyne, numa entrevista exclusiva para o Biosfera.

O controlo biológico é uma ferramenta de gestão de pragas agrícolas e plantas invasoras, por exemplo. Nos campos do Alentejo, os morcegos como são animais insetívoros alimentam-se das pragas. Bruno Silva, investigador do Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento da Universidade de Évora, explica como o consumo da mosca e da traça da oliveira pelos morcegos beneficia a qualidade da azeitona.

Fernanda Botelho estuda plantas espontâneas há décadas e procura sempre pelos encantos do mundo vegetal. Neste episódio, conversamos com a herbalista sobre flora silvestre e os pretextos para passar tempo na natureza

Há um movimento internacional de defesa do desmantelamento de barreiras fluviais e de promoção da conectividade. Em Portugal estão a ser dados os primeiros passos, sendo que se estima que haja milhares de barreiras obsoletas. No episódio desta semana, conversamos com João Joanaz de Melo, Docente de Engenharia do Ambiente na Universidade Nova de Lisboa, sobre as vantagens ecológicas de uma remoção sistemática de barreias fluviais e a dinâmica natural dos rios.