Sexta Básica - Renata Lo Prete

Esse impasse político envolvendo o ministro Gustavo Bebianno é muito revelador das peculiaridades do governo Bolsonaro. Por protocolos conhecidos de governos anteriores, qualquer ministro na situação de Bebianno, exposto desta maneira, estaria fora do cargo. E mais: é impressionante imaginar que ele possa, inclusive, ser mantido. O governo Bolsonaro realmente funciona de forma muito própria. Ouça na íntegra o comentário de Renata Lo Prete.

Após controvérsias, Câmara e Senado elegem presidentes alinhados à reforma da Previdência. Quase ao mesmo tempo, Sérgio Moro apresenta um conjunto de medidas para combater a corrupção e a criminalidade. Para Renata Lo Prete, vontade da população terá peso nas decisões dos parlamentares sobre estes temas.

Renata Lo Prete afirma que as forças que se chocam prometem disputar palmo a palmo do terreno. Rito da sessão que vai escolher o presidente e a Mesa-Diretora da Casa ainda não está definido, e os blocos vão tentar obter vantagens em cada detalhe.

Certo grau de 'bateção de cabeça' e de ruído em início de governo é comum e esperado. No entanto, por outro lado, ganha um relevo especialmente quando envolve o próprio presidente da República. Ele foi muito assertivo quando disse que seria reduzido o IR e reajustado para cima o IOF. Talvez esse episódio seja esclarecido, até mesmo pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.

A transição de governos praticamente chegou ao fim com o guia para os futuros ministros, divulgado ontem e que elenca prioridades para o início da gestão Jair Bolsonaro. O documento contém orientações sobre como os futuros integrantes dos ministérios e secretarias devem se comportar. Mas, principalmente, determina um 'pente-fino' nos atos dos últimos dois meses do governo Michel Temer.

Presidente vai assumir em cenário econômico não muito atribulado. Juros estão estabelecidos em 6,5% - e com tendência de se manterem baixos. Some-se a isso aos índices de inflação, que tendem a ficar tranquilos, é possível ver que o futuro governo entra em cena em situação confortável. Nem tudo são flores, claro, há muito desemprego e outros dados preocupantes, mas sem dúvida, o cenário geral dá sensação de otimismo na largada. Por outro lado, seguem questões mal explicadas, como depósitos suspeitos na conta de ex-assessor de Flávio Bolsonaro, filho do presidente eleito. Ouça no comentário.

Episódio da briga pela presidência da Câmara entre os deputados federais eleitos Eduardo Bolsonaro e Joice Hasselmann via WhatsApp chama atenção. Só o vazamento desta troca de mensagens já mostra que, como em toda formação de governo, a situação está longe de estar pacificada no PSL. Foi útil esse episódio para mostrar que ali também existem os conflitos. Enquanto Bolsonaro - pai - tenta se manter distante de questões de cargos e distribuição de poder legislativo, assessores do futuro presidente têm sido explícitos quando o assunto é o comando das casas legislativas.

Entre os destaques das nomeações da semana, está o general Carlos Alberto dos Santos Cruz para cuidar da articulação política. Anúncio foi entendido como redução da área de atuação do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. Função do militar foi tradicionalmente exercida por militares.

O primeiro traço deste rosto está na área econômica, e é de um governo que se pretende liberal e privatista. O segundo traço, do ‘Bolsonarismo de raiz’, traz nomes que você não imaginaria em qualquer outro governo. É um traço que mostra a inflexão total do governo. Também se vê neste rosto governamental o fato de que, à medida que a realidade vai se impondo, os conflitos vão brotando em paralelo. Haja vista a controvérsia envolvendo o ex-presidente do PSL Gustavo Bebiano e o vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente eleito, esta semana.

Presidente eleito Jair Bolsonaro fez a primeira viagem a Brasília com auxiliares e filhos. Visitou todos os poderes, indicou nomes para ministério. Na coreografia da transição, vamos vendo a transição da realidade da campanha para a realidade da transição. Uma coisa chama atenção: parece que o Congresso não faz parte destes primeiros capítulos.